domingo, 20 de março de 2011

Comfort Food e seu verdadeiro significado

A comida, para mim, é muito mais do que um elemento de sustância física. Ela tem um poder de me confortar espiritual e emocionalmente também. Quando alguma coisa acontece comigo, para mal ou para bem, eu entro na cozinha e me transformo na alquímica que escondo sob a face de historiadora: faço o que é ruim se transformar em bom e compartilho com aqueles que amo; ou então multiplico o bom em mil vezes e mais uma vez consigo distribuí-lo pelo meu mundo – e é assim que ela me conforta emocionalmente.
Ao preparar o famoso bacalhau do vovô Ramon – meu amado padrinho que há muito já passou para o acampamento do outro lado-, ou os suspiros da vovó Marieta e os pirulitos de caramelo do vovô Mário (que ele não fazia, comprava, mas esse doce é ligado a ele no meu cérebro, e nenhum é mais gostoso do que aqueles que ele tirava do congelador e me entregava, meu simpático bisavô), ou até mesmo alguma comida que um antepassado que eu não cheguei a conhecer fazia, eu imediatamente sou ligada a eles. Uma parte dentro de mim é ligada, como se eu apertasse um botão: durante o preparo e a degustação daquela refeição simples e saborosa, eu estou consciente de que todos os meus antepassados estão vivos, independentemente de onde seus espíritos estejam, pois EU estou viva, e EU sou uma combinação de gens que eles todos passaram a mim. Espiritualmente, a comida funciona para mim, e não só dessa forma, não só para me conectar com os meus antepassados.
Ela é uma forma de me ligar com meus ancestrais espirituais também. Aqueles povos cuja cultura está em minha alma, não no meu corpo físico. O arroz doce de Buddha me concede paz e propicia meditação, o molho al sugo italiano desperta em mim uma alegria interior muito grande – e é provavelmente a coisa que eu mais gosto de preparar-, enquanto  a carne de porco alemã me dá uma força e uma vontade de continuar comparável somente àquela dos guerreiros em sua última batalha, com a iminente volta para casa em seus pensamentos.
Quando eu me sinto sem energia, o Povo Vermelho vem em meu auxílio. Subitamente o milho vira elemento central de minha cozinha, pois ele é a base fortificante de um dos povos mais sábios que já caminhou por esse mundo, os indígenas americanos. E para conforto mesmo, aquele conforto necessário quando se atingiu o fundo do poço, e a esperança e perspectiva da subida iluminam os olhos quase cegos pela escuridão, em minha cabeça surgem duas palavras: soul food. A comida do Sul dos Estados Unidos, a comida dos Negros Americanos. Duas culturas de um mesmo país, duas culturas que ressoam em mim, que despertam memórias e sensações, e que, combinadas, são mais do que o suficiente para restaurar meu humor.
Nessa sintonia, o jantar que meu corpo e meu espírito pediram juntos foi: frango frito à moda soul food, pão de milho americano (bem diferente do brasileiro) e purê de batatas. Ao final, com um sorriso no rosto, minha alma e meu corpo estavam alimentados e satisfeitos.

Compartilho com vocês a simples receita do frango frito, que é minha versão inspirada na soul food. Eu usei o que tinha em casa: frango à passarinho da Sadia. O procedimento é o seguinte: cozinhe os pedaços de frango no leite, sem deixá-los macios demais ou fazê-los soltar dos ossos. Escorra e passe-os em uma mistura de ovo, sal e pimenta do reino, para em seguida passá-los por uma mistura de farinha de trigo e páprica picante. Frite-os em óleo bem quente até que estejam bem dourados. Salpique mais páprica por cima e sirva quentes.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Bolinhos (ou Cupcakes) Fod@-se!


Na vida de todos nós há os momentos em que a gente gostaria de mandar um grande "F" pra todo o mundo! Às vezes é para alguém em especial, não é verdade? Quantos de nós já sofreram com um término? Todos! E aquelas situações em que você não está triste com o término, e sim com raiva? É nessa situação que se encontra Giulia Melucci na página 205 de seu romance autobiográfico Amei, Perdi, fiz Espaguete, que foi descrito pelo The New York Times como "Sex and the City com receitas.", e é realmente muito bom. Um romance leve sobre a vida amorosa de uma nova-iorquina que ama cozinhar, é um livro, realmente, de "Memórias de boa comida e péssimos namorados".
Não estou nessa situação no momento, mas gostaria de ter essa receita no passado, quando tive términos que me deixaram com mais raiva do que tristeza (acho que até hoje, nenhum término me deixou realmente triste, só P da vida mesmo! XD), não só porque esses bolinhos são maravilhosos, mas também porque não há nada melhor para um coração partido do que uma boa dose de chocolate (e, CLARO, whisky!).
Aproveitando o aniversário de um dos meus queridos amigos, decidi fazer o bolinho ontem, e ele só recebeu elogios! Então, passo a receita rápida e fácil, deixo o livro como indicação de boa e leve leitura, e espero que compartilhem comigo suas experiências na cozinha. Eu quero mesmo saber como o bolo saiu, hein! (e ah, nunca mais falo palavrão! Da próxima vez que ficar P da vida, eu vou oferecer um bolinho imaginário para a pessoa! huahusa por mais que ela não mereça, já que esse bolinho é muito bom!)!

Bolinhos Fod@-se de Giulia Melucci


Ingredientes para os bolinhos:
-2 xícaras de farinha de trigo
-2 colheres de chá de fermento em pó
-1/2 colher de chá de sal
-1/2 xícara (100g) de manteiga mole
-1 xícara de açúcar
-3 ovos em temperatura ambiente
-1 e 1/2 colheres de chá de essência de baunilha
-3/4 de xícara de leite integral


Modo de Fazer:


Preaqueça o forno a 170 graus.
Ponha as forminhas de papel dentro de forminhas de metal para muffins. Misture a farinha, o fermento, o sal e reserve. Misture a manteiga e o açúcar com um misturador manual (ou uma batedeira) em velocidade média até que esteja fofo; junte os ovos, um a um, depois a baunilha, e bata até ficar suave. Reduza a velocidade da batedeira e acrescente os ingredientes reservados à mistura de manteiga, um pouco de cada vez, alternando com o leite até estar tudo misturado. NÃO MISTURE DEMAIS, apenas o suficiente para incorporar os ingredientes secos, pois senão os bolinhos irão solar (e, como Giulia diz, você já sofreu bastante!). Encha 1/3 de cada forminha e coloque para assar até que a parte de cima esteja dourada e macia (de 20 a 25 minutos).
Rendimento: 12 bolinhos mais ou menos.


Glacê de Whisky e Chocolate (porque você precisa de um drink)


Ingredientes:
-1/4 de xícara de cacau em pó
-2 a 3 colheres de sopa de whisky (dependendo do quanto foi ruim)
-4 colheres de sopa de leite
-1 barra de manteiga sem sal muito mole
-300 gramas de açúcar de confeiteiro peneirado


Modo de Fazer:
Numa vasilha pequena. misture o cacau, o whisky e acrescente 2 colheres de sopa de leite. Bata a manteiga com um misturador manual ou uma batedeira em velocidade média até ficar cremoso, depois junte o açúcar, uma xícara por vez até ficar tudo misturado. Junte a mistura do whisky e continue a bater até a cor ficar uniforme, depois adicione o leite (as outras duas colheres), um pouco de cada vez até que o glacê esteja fofo e possa ser espalhado.
"Não fique tão brava consigo mesma por poder comer mais de um ou dois bolinhos. Fique brava com ele! Leve tudo o que sobrar para o trabalho. Seus colegas vão comer, e você se sentirá mais leve por tê-los compartilhado e por não tentar uma overdose de bolinhos."

Divirtam-se e Bon Appétit!

terça-feira, 1 de março de 2011

Cupcakes

Um dos meus objetivos em fazer esse blog é mostrar ao maior número de pessoas possível (desde amigos, a amigos de amigos e até os desconhecidos) que cozinhar é fácil. Sério, é super simples mesmo - parafraseando o G. Garvin.
É verdade que algumas pessoas nascem com mais “facilidade” para certas coisas do que outras. Tenho certeza que nasci com mais “facilidade” para cozinhar do que para fazer cálculos matemáticos. Mas não ter “facilidade”, “dom”, “jeito” ou “talento” não o impede de se tornar bom, ou até mesmo muito bom, em qualquer coisa que você resolva se dedicar a fazer. A verdade mais verdadeira é que o talento conta só 30% do produto final. Os outros 70% são compostos por esforço e dedicação. E quando ouvimos essas duas palavras, imediatamente a preguiça abre a porta da nossa sala e senta-se ao nosso lado no sofá, perguntando, com sua voz arrastada: “Você tem certeeeeza que quer ir para a cozinha agora? Por que não manda entregar alguma coisa? É tãão mais fácil...”. Não é verdade?
Mas eu quero mostrar que o esforço e a dedicação na cozinha do dia-a-dia são mínimos! Sério, é muito fácil fazer uma refeição fresca e saborosa. Eu não sou uma pessoa super natureba, do tipo que come arroz integral e proteína de soja todos os dias, e nem acho que essa é a única maneira de ser saudável. Na verdade, eu compartilho da opinião do Jamie Oliver, eu estou longe de passar receitas de dietas, mas sei que é muito mais saudável em termos de obtenção de nutrientes você comer um spaghetti al sugo feito em casa do que uma lasagna light congelada.
A segunda receita super fácil e super simples que passarei para vocês é a dos famosos cupcakes. Eles são bolinhos pequeninos da cultura estado-unidense que virou febre mundial! - apesar de jornalistas infelizes de São Paulo criticarem essa delícia e chamarem de docinho de gordo! Tá certo que as grandes marcas por aí não produzem bolinhos sensacionais, mas você pode começar com essa receita fácil e ir incrementando seu cupcake, que ficará muito melhor do que um comprado. Conforme o tempo for passando eu ensino outras receitas de cupcakes, com outras massas, com recheios e outras coberturas. Mas, vamos começar do princípio, com o mais básico de todos:



Cupcakes da Nigella

Ingredientes:
125g de farinha com fermento
125g de açúcar refinado
125g de manteiga sem sal
2 ovos
2 colheres de sopa de leite
1 colher de chá de essência de baunilha


Cobertura: Glacê Real

Ingredientes:
Pó de Merengue
Água
Açúcar de Confeiteiro

Modo de Fazer:
Pré-aqueca o fogão a 200ºC. Bara o açúcar e a manteiga até formar um creme. Adicione os ovos um a um e um pouco da farinha. Adicione a essência de baunilha e o resto da farinha para depois adicionar o leite. Divida a massa em 12 forminhas e asse por 15 a 20 minutos.
Quando estiverem frios, faça a cobertura (seguindo a receita da caixinha de pó de merengue, encontrado em qualquer loja de confeitaria) e coloque por cima dos bolinhos. Decore com confeitos de sua escolha. Eu fiz as voltinhas com o saco de confeiteiro e joguei confeitos coloridos por cima.

Sobre a massa: quando for incorporar a farinha, por favor, NÃO bata demais! Bata apenas o suficiente para que ela seja incorporada, do contrário o bolo irá solar.

Sobre o forno: Enquanto eles estiverem assando, não abra a porta do forno, só se for imprescindível. Se for abrir, abra MUITO devagar e feche MUITO devagar também, para a temperatura não baixar muito e os bolinhos solarem.

Sobre onde assar os cupcakes: as forminhas de papel são facilmente encontradas em lojas de confeitaria, assim como a travessa de assar muffins e cupcakes. O problema é desembolsar a grana para algo que você não sabe se vai usar sempre. Não se desespere: use as formas de empada da sua avó para colocar as forminhas de papel, e coloque a massa nelas! Ah, é muito importante encher só 1/3 da forminha, porque a massa irá crescer =D. Espero que faça cupcakes e me conte como se saiu!